Aqui você vai encontrar pensamentos de alguém que não aceita as coisas como são, que não tolera frases como "sempre foi assim, não vai mudar". Não esqueça são apenas pensamentos, e eles nem sempre farão sentido para você.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A turba da Uniban


(5/11/2009)

Folha de São Paulo
CONTARDO CALLIGARIS

As turbas têm um ponto em comum: detestam a ideia de que a mulher tenha desejo próprio
NA SEMANA passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso noturno de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava de minivestido rosa, saltos altos, maquiagem -uniforme de balada.
O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantadas, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.
A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando, por porta e janelas, pedindo explicitamente que ela fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo coro dos boçais escandindo: Pu-ta, pu-ta, pu-ta.
Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um justo protesto contra a inadequação da roupa da colega. Difícil levá-los a sério, visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado na cabeça.
Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores) vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time adversário (assim como do árbitro, claro, sempre vendido) de duas maneiras fundamentais: veados e filhos da puta.
Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da escolha é simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais nos ofenderia. Ou seja, veados e filhos da puta são os insultos que todos lançam porque são os que ninguém quer ouvir.
Cuidado: veado, nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto assim que os ditos veados, por exemplo, são encorajados vivamente a pegar no sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser usados por seus ofensores. Veado, nesse insulto, está mais para bichinha, mulherzinha ou, simplesmente, mulher.
Quanto a filho da puta, é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da torcida adversa sejam profissionais do sexo. Puta, nesse caso (assim como no coro da Uniban), significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!) gostar de sexo.
Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum: é o ódio do feminino -não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possam ter um desejo próprio.
O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de querer? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofrimento imposto, uma violência sofrida -nunca uma iniciativa ou um prazer.
A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.
Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que a ajude a exigir da própria Uniban (incapaz de garantir a segurança de seus alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que, com isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de Zorba, o Grego, com redação obrigatória no fim?
Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no feminismo. Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, ao meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.


Wânia Pasinato
Socióloga
Pesquisadora Sênior do NEV/USP
Pesquisadora - PAGU/UNICAMP
Consultora da SPM/PR  para o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres no Estado de São Paulo

Carta da União Nacional dos Estudantes (UNE) sobre a decisão da Uniban

Concordo com a carta redigida pela UNE sobre a expulsão da aluna Geisy. Tivemos agora mais uma prova da sociedade falocêntrica em que vivemos e a reprodução do senso cumum, que naturaliza as relações de gênero, dentro do espaço acadêmico.


A carta: 

Episódio de violência sexista acaba em mais uma demonstração de machismo No dia 22 de outubro, o Brasil assistiu cenas de selvageria. Uma estudante de turismo da Universidade Bandeirante (São Paulo) foi vítima de um dos crimes mais combatidos na sociedade, a violência sexista, que é aquela cometida contra as mulheres pelo fato de serem tratadas como objetos, sob uma relação de poder desigual na qual estão subordinadas aos homens. 

Nesse episódio, a estudante foi perseguida e agredida pelos colegas, hipoteticamente pelo tamanho de vestido que usava, e só pôde deixar o campus escoltada pela polícia. Alguns dos alunos que a insultaram gritavam que queriam estuprá-la. Desde quando há justificativa para o estupro ou toleramos esse tipo de violência?

Pasmem, essa história absurda teve um desfecho ainda mais esdrúxulo. A Universidade, espaço de diálogo onde deveriam ser construídas relações sociais livres de opressões e preconceitos, termina por reproduzir lamentavelmente as contradições da sociedade, dando sinais de que vive na era das cavernas. Além de não punir os estudantes envolvidos na violência sexista, responsabiliza a aluna pelo crime cometido contra ela e a expulsa da universidade de forma arbitrária, como se dissessem que, para manter a ordem, as mulheres devem continuar no lugar que estão, secundárias à história e marginalizadas do espaço do conhecimento.

É naturalizado, fruto de uma construção cultural, e não biológica, que os homens não podem controlar seus instintos sexuais e as mulheres devem se resguardar em roupas que não ponham seus corpos à mostra. Os homens podem até andar sem camisa, mas as mulheres devem seguir regras de conduta e comportamento ideais, a partir de um padrão estético que a condiciona a viver sob as rédeas da sociedade, que por sua vez é controlada pelos homens.

Esse desfecho, somado às diversas abordagens destorcidas do fato na mídia, demonstram a situação de opressão que todas nós, mulheres, vivemos em nosso cotidiano. Situação em que mulheres e tudo o que está relacionado a elas são desvalorizados e depreciados. A mulher é vista como uma mercadoria - ora utilizada para vender algum produto, ora tolhida de autonomia e direitos, ora violentada, estigmatizada e depreciada. É essa concepção que acaba por produzir e reproduzir o machismo, violência e sexismo, próprios do patriarcado. Tal concepção permitiu o desrespeito a estudante.

Nós, mulheres estudantes brasileiras, em contraposição a essa situação, estamos constantemente em luta até que todas as mulheres sejam livres do machismo, da violência, do desrespeito e da opressão que nos cerca. Repudiamos o ato de violência dos alunos contra a estudante de turismo, repudiamos a reação da mídia que insiste em mistificar o fato e não colocar a violência de cunho sexista no centro do debate e denunciamos a atitude da universidade de punir a estudante ao invés daqueles que provocaram tal situação.
Exigimos que a matrícula da estudante seja mantida, que a Universidade se retrate publicamente e que todos os agressores sejam julgados e condenados não somente pela instituição, a Uniban, mas também pela Justiça brasileira. Somos Mulheres e Não Mercadoria! 

Diretoria de Mulheres da UNE - União Nacional dos Estudantes

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Os jovens estão descontrolados

Quem viu a algazarra absurda realizada por estudantes em uma universidade do ABC paulista, segundo eles, pelo comprimento do vestido de uma aluna?

Eu fiquei chocada com as imagens gravadas pela tecnologia moderna em celulares e disseminada a todos pela internet. Dentro do campus universitário inúmeros alunos grintavam, xingavam e excumungavam uma aluna por seu vestido curto e provocante. Gostaria de saber em que século nós estamos? Se eu não me engano já faz muito tempo que se queimava "bruxas" em praça pública.

Que moralismo hipócrita é esse? Onde está o respeito com o ser humano? A questão não é o tamanho do vestido, mas sim a falta de respeito com os sentimentos alheios. Não interessa se a menina provocou o fuzuê com sua sensualidade ou vulgaridade, somos seres racionais e não animais descontrolados.

Alguns justificam tal atitude com o argumento de que a menina provocou a cituação com sua roupa. Então vamos retroceder e justificar o estupro por causa de uma blusa transparente? O que me apovara mais do que as atitudes são os argumentos, matou-se um índio com fogo por pensar ser um mendigo, espancou-se uma doméstica porque acharam ser uma prostituta e, agora, humilha-se uma mulher em publico porque a julgaram vulgar!

O descaso com o outro, o não reconhecimento do indivíduo e a falsa moralidade me chocam. As cenas na universidade são repulsivas. Esses jovens consideram-se acima do bem e do mal, julgam o outro com base em seus preconceitos.

O imoral desta história com certeza não era a menina com o vestido curto!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Números que enganam

A maneira como alguns dados são usados podem enganar os ouvidos de quem escuta a notícia. Dizer que 1 milhão de pessoas serão prejudicadas por alguma medida no Brasil merece atenção, mas este número não representa 1% da população brasileira, esta é de aproximadamente 190 milhões de pessoas , segundo o IBGE. No entanto, os dados apresentados pela Fundação Getulio Vargas em 2001, sobre a situação de fome no país, é que merecem ser vistos com sua total gravidade. Afinal são 50 milhões de pessoas (50 vezes a mais do que dito acima), ou seja, 29,9% da população está abaixo da linha da pobreza.


Por isso, devemos ter muito cuidado com as notícias que circulam. Antes de tomar qualquer posição sobre o fato é sempre importante analisar a proporção correta dos dados. Da mesma forma, não é possível comparar um valor em cruzados do ano de 1990 com o mesmo valor em reais de 2009.

O sensacionalismo está presente na comunicação brasileira. Portanto devemos sempre estar atentos para não cair no jogo de manipulação e alienação dos fatos.


Fique de ligado! Não entre no jogo! Analise os fatos!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vamos Fazer um Filme

Achei um 3x4 teu e não quis acreditar
Que tinha sido há tanto tempo atrás
Um bom exemplo de bondade e respeito
Do que o verdadeiro amor é capaz
A minha escola não tem personagem
A minha escola tem gente de verdade
Alguém falou do fim-do-mundo,
O fim-do-mundo já passou
Vamos começar de novo:
Um por todos, todos por um

O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme

O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?

Sem essa de que: "Estou sozinho."
Somos muito mais que isso
Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor
Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão:
Quero viver a minha vida em paz
Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta
E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia.

E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, vamos Fazer um filme
Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo


Legião Urbana
Composição: Renato Russo

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A laicidade do Estado em crise

Foi aprovado em agosto, pela Câmara dos Deputados, o acordo estabelecido entre o Brasil e o Vaticano no final do ano passado. Esse acordo, que está passando, de certa forma, desapercebido pela imprensa brasileira, justifica-se por legalizar a prática da Igreja Católica no país. No entanto, o que me questiono é se essa regulamentação judicial deveria acontecer apenas com a religião Católica, já que a nossa terra é de uma diversidade religiosa imensa. O mínimo que se esperaria de uma sociedade que (aparentemente) separa o Estado da religião, seria a regulamentação das religiões em geral e não uma em específico.


O Brasil, sendo um país laico, porque deveria regularizar apenas uma religião? Não deveria, então, regularizar todas as religiões possíveis e imagináveis?

A liberdade e igualdade religiosa compreendem direitos iguais a todas a religiões, então porque regulamentar apenas uma?

Não consigo conceber essa idéia de legalizar questões católicas, como por exemplo a proteção de patrimônios católicos (art.7º). Sim, os patrimônios religiosos fazem parte da história brasileira, mas veja bem, os patrimônios religiosos e não apenas os católicos, então porque essa proteção especial?

Outra questão que me chamou muita atenção refere-se a equivalência do casamento católico a legislação civil. Novamente me parece uma proteção maior a Igreja Católica sobre as demais religiões presentes no Brasil, o que me leva a pensar no estabelecimento de uma religião oficial para o nosso país laico.


Leia o acordo abaixo e tire suas conclusões!!!!

A República Federativa do Brasil e A Santa Sé (doravante denominadas Altas Partes Contratantes),

Considerando que a Santa Sé é a suprema autoridade da Igreja Católica, regida pelo Direito Canônico;

Considerando as relações históricas entre a Igreja Católica e o Brasil e suas respectivas responsabilidades a serviço da sociedade e do bem integral da pessoa humana;

Afirmando que as Altas Partes Contratantes são, cada uma na própria ordem, autônomas, independentes e soberanas e cooperam para a construção de uma sociedade mais justa, pacífica e fraterna;

Baseando-se, a Santa Sé, nos documentos do Concílio Vaticano II e no Código de Direito Canônico, e a República Federativa do Brasil, no seu ordenamento jurídico;

Reafirmando a adesão ao princípio, internacionalmente reconhecido, de liberdade religiosa;

Reconhecendo que a Constituição brasileira garante o livre exercício dos cultos religiosos;

Animados da intenção de fortalecer e incentivar as mútuas relações já existentes;

Convieram no seguinte:

Artigo 1º
As Altas Partes Contratantes continuarão a ser representadas, em suas relações diplomáticas, por um Núncio Apostólico acreditado junto à República Federativa do Brasil e por um Embaixador(a) do Brasil acreditado(a) junto à Santa Sé, com as imunidades e garantias asseguradas pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 18 de abril de 1961, e demais regras internacionais.

Artigo 2º
A República Federativa do Brasil, com fundamento no direito de liberdade religiosa, reconhece à Igreja Católica o direito de desempenhar a sua missão apostólica, garantindo o exercício público de suas atividades, observado o ordenamento jurídico brasileiro.

Artigo 3º
A República Federativa do Brasil reafirma a personalidade jurídica da Igreja Católica e de todas as Instituições Eclesiásticas que possuem tal personalidade em conformidade com o direito canônico, desde que não contrarie o sistema constitucional e as leis brasileiras, tais como Conferência Episcopal, Províncias Eclesiásticas, Arquidioceses, Dioceses, Prelazias Territoriais ou Pessoais, Vicariatos e Prefeituras Apostólicas, Administrações Apostólicas, Administrações Apostólicas Pessoais, Missões Sui Iuris, Ordinariado Militar e Ordinariados para os Fiéis de Outros Ritos, Paróquias, Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

§ 1º. A Igreja Católica pode livremente criar, modificar ou extinguir todas as Instituições Eclesiásticas mencionadas no caput deste artigo.
§ 2º. A personalidade jurídica das Instituições Eclesiásticas será reconhecida pela República Federativa do Brasil mediante a inscrição no respectivo registro do ato de criação, nos termos da legislação brasileira, vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro do ato de criação, devendo também ser averbadas todas as alterações por que passar o ato.

Artigo 4º
A Santa Sé declara que nenhuma circunscrição eclesiástica do Brasil dependerá de Bispo cuja sede esteja fixada em território estrangeiro.

Artigo 5º
As pessoas jurídicas eclesiásticas, reconhecidas nos termos do Artigo 3º, que, além de fins religiosos, persigam fins de assistência e solidariedade social, desenvolverão a própria atividade e gozarão de todos os direitos, imunidades, isenções e benefícios atribuídos às entidades com fins de natureza semelhante previstos no ordenamento jurídico brasileiro, desde que observados os requisitos e obrigações exigidos pela legislação brasileira.

Artigo 6º
As Altas Partes reconhecem que o patrimônio histórico, artístico e cultural da Igreja Católica, assim como os documentos custodiados nos seus arquivos e bibliotecas, constituem parte relevante do patrimônio cultural brasileiro, e continuarão a cooperar para salvaguardar, valorizar e promover a fruição dos bens, móveis e imóveis, de propriedade da Igreja Católica ou de outras pessoas jurídicas eclesiásticas, que sejam considerados pelo Brasil como parte de seu patrimônio cultural e artístico.

§ 1º. A República Federativa do Brasil, em atenção ao princípio da cooperação, reconhece que a finalidade própria dos bens eclesiásticos mencionados no caput deste artigo deve ser salvaguardada pelo ordenamento jurídico brasileiro, sem prejuízo de outras finalidades que possam surgir da sua natureza cultural.

§ 2º. A Igreja Católica, ciente do valor do seu patrimônio cultural, compromete-se a facilitar o acesso a ele para todos os que o queiram conhecer e estudar, salvaguardadas as suas finalidades religiosas e as exigências de sua proteção e da tutela dos arquivos.

Artigo 7º
A República Federativa do Brasil assegura, nos termos do seu ordenamento jurídico, as medidas necessárias para garantir a proteção dos lugares de culto da Igreja Católica e de suas liturgias, símbolos, imagens e objetos cultuais, contra toda forma de violação, desrespeito e uso ilegítimo.

§ 1º. Nenhum edifício, dependência ou objeto afeto ao culto católico, observada a função social da propriedade e a legislação, pode ser demolido, ocupado, transportado, sujeito a obras ou destinado pelo Estado e entidades públicas a outro fim, salvo por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, nos termos da Constituição brasileira.

Artigo 8º
A Igreja Católica, em vista do bem comum da sociedade brasileira, especialmente dos cidadãos mais necessitados, compromete-se, observadas as exigências da lei, a dar assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar, observadas as normas de cada estabelecimento, e que, por essa razão, estejam impedidos de exercer em condições normais a prática religiosa e a requeiram. A República Federativa do Brasil garante à Igreja Católica o direito de exercer este serviço, inerente à sua própria missão.

Artigo 9º
O reconhecimento recíproco de títulos e qualificações em nível de Graduação e Pós-Graduação estará sujeito, respectivamente, às exigências dos ordenamentos jurídicos brasileiro e da Santa Sé.

Artigo 10
A Igreja Católica, em atenção ao princípio de cooperação com o Estado, continuará a colocar suas instituições de ensino, em todos os níveis, a serviço da sociedade, em conformidade com seus fins e com as exigências do ordenamento jurídico brasileiro.

§ 1º. A República Federativa do Brasil reconhece à Igreja Católica o direito de constituir e administrar Seminários e outros Institutos eclesiásticos de formação e cultura.
§ 2º. O reconhecimento dos efeitos civis dos estudos, graus e títulos obtidos nos Seminários e Institutos antes mencionados é regulado pelo ordenamento jurídico brasileiro, em condição de paridade com estudos de idêntica natureza.

Artigo 11
A República Federativa do Brasil, em observância ao direito de liberdade religiosa, da diversidade cultural e da pluralidade confessional do País, respeita a importância do ensino religioso em vista da formação integral da pessoa.

§1º. O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação.

Artigo 12
O casamento celebrado em conformidade com as leis canônicas, que atender também às exigências estabelecidas pelo direito brasileiro para contrair o casamento, produz os efeitos civis, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.

§ 1º. A homologação das sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial,
confirmadas pelo órgão de controle superior da Santa Sé, será efetuada nos termos da legislação brasileira sobre homologação de sentenças estrangeiras.

Artigo 13
É garantido o segredo do ofício sacerdotal, especialmente o da confissão sacramental.

Artigo 14
A República Federativa do Brasil declara o seu empenho na destinação de espaços a fins religiosos, que deverão ser previstos nos instrumentos de planejamento urbano a serem estabelecidos no respectivo Plano Diretor.

Artigo 15
Às pessoas jurídicas eclesiásticas, assim como ao patrimônio, renda e serviços relacionados com as suas finalidades essenciais, é reconhecida a garantia de imunidade tributária referente aos impostos, em conformidade com a Constituição brasileira.

§ 1º. Para fins tributários, as pessoas jurídicas da Igreja Católica que exerçam atividade social e educacional sem finalidade lucrativa receberão o mesmo tratamento e benefícios outorgados às entidades filantrópicas reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, inclusive, em termos de requisitos e obrigações exigidos para fins de imunidade e isenção.

Artigo 16
Dado o caráter peculiar religioso e beneficente da Igreja Católica e de suas instituições:
I - O vínculo entre os ministros ordenados ou fiéis consagrados mediante votos e as Dioceses ou Institutos Religiosos e equiparados é de caráter religioso e portanto, observado o disposto na legislação trabalhista brasileira, não gera, por si mesmo, vínculo empregatício, a não ser que seja provado o desvirtuamento da instituição eclesiástica.

II -As tarefas de índole apostólica, pastoral, litúrgica, catequética, assistencial, de promoção humana e semelhantes poderão ser realizadas a título voluntário, observado o disposto na legislação trabalhista brasileira.

Artigo 17
Os Bispos, no exercício de seu ministério pastoral, poderão convidar sacerdotes, membros de institutos religiosos e leigos, que não tenham nacionalidade brasileira, para servir no território de suas dioceses, e pedir às autoridades brasileiras, em nome deles, a concessão do visto para exercer atividade pastoral no Brasil.

§ 1º. Em conseqüência do pedido formal do Bispo, de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, poderá ser concedido o visto permanente ou temporário, conforme o caso, pelos motivos acima expostos.

Artigo 18
O presente acordo poderá ser complementado por ajustes concluídos entre as Altas Partes Contratantes.

§ 1º. Órgãos do Governo brasileiro, no âmbito de suas respectivas competências e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, devidamente autorizada pela Santa Sé, poderão celebrar convênio sobre matérias específicas, para implementação do presente Acordo.

Artigo 19
Quaisquer divergências na aplicação ou interpretação do presente acordo serão resolvidas por negociações diplomáticas diretas.

Artigo 20
O presente acordo entrará em vigor na data da troca dos instrumentos de ratificação, ressalvadas as situações jurídicas existentes e constituídas ao abrigo do Decreto nº 119-A, de 7 de janeiro de 1890 e do Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé sobre Assistência Religiosa às Forças Armadas, de 23 de outubro de 1989."

A mensagem enviada ao Congresso é acompanhada de um texto encaminhado pelo secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro, em que ele expõe um histórico do acordo e as alegações para o reconhecimento do documento pelo governo brasileiro. Confira:

"Brasília, 12 de dezembro de 2008.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Submeto à elevada consideração de Vossa Excelência, com vistas ao encaminhamento ao Congresso Nacional, o Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, assinado na Cidade-Estado do Vaticano, em 13 de novembro de 2008.

2. Recordo que a proposta de celebração do referido Acordo foi enviada a Vossa Excelência pelo Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Tarcisio Bertone, por carta de 26 de setembro de 2006. Após o recebimento da proposta, foram iniciadas consultas com diferentes áreas do Governo sobre o Acordo. Sob a coordenação do Itamaraty, foram realizadas reuniões de coordenação para avaliação do texto, com a participação de representantes das seguintes áreas do Governo: Casa Civil (Subchefia de Assuntos Jurídicos); Ministério da Justiça (Secretaria de Assuntos Legislativos e FUNAI); Ministério da Defesa; Ministério da Fazenda (incluindo a Secretaria da Receita Federal); Ministério da Educação; Ministério da Cultura; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Previdência Social; Ministério das Cidades; Ministério da Saúde.

3. Em 30 de março de 2007 o Ministério das Relações Exteriores apresentou ao Núncio Apostólico em Brasília a contraproposta do Governo brasileiro ao referido texto, com vistas a sua eventual assinatura por ocasião da visita ao Brasil do Papa Bento XVI, em maio de 2007. A contraproposta brasileira, além de adequação da linguagem jurídica noque se refere às relações do Brasil com a Santa Sé e com a Igreja Católica, continha poucas modificações substanciais ao texto proposto pela Santa Sé.

4. Somente em 13 de setembro de 2007, a Nunciatura Apostólica em Brasília apresentou ao Itamaraty a reação da Santa Sé ao texto proposto em 30 de março daquele ano. A nova proposta então apresentada foi objeto de reuniões de avaliação, coordenadas pelo Itamaraty, com a participação das áreas do Governo já acima mencionadas. Concluído esse processo, o Ministério das Relações Exteriores elaborou novo texto refletindo os pareceres e notas técnicas das diferentes áreas do Governo e o submeteu à aprovação dos respectivos Ministros, por Aviso de 13 de agosto de 2008, com o pedido de parecer final sobre o referido texto, com vistas a sua assinatura por ocasião da visita de Vossa Excelência à Cidade-Estado do Vaticano, para audiência com o Papa Bento XVI, em 13
novembro de 2008.

5. Em 24 de outubro de 2008, realizou-se, na Casa Civil da Presidência da República, reunião com vistas à finalização do texto da contraproposta do Governo brasileiro. Em 25 de outubro, foi entregue ao Núncio Apostólico em Brasília o texto concluído, ocasião em que foram explicadas, ponto por ponto, as posições da parte brasileira. A referida proposta foi oficialmente encaminhada à Santa Sé em 28 de outubro, por Nota Verbal à Nunciatura Apostólica no Brasil. Em 10 de novembro de 2008, a Nunciatura Apostólica comunicou, por meio de Nota Verbal, que a Santa Sé aceitou integralmente a contraproposta brasileira para o Acordo (em anexo), que foi assinado, do lado brasileiro, por mim e, do lado da Santa Sé, pelo Secretário para Relações com os Estados, Monsenhor Dominique Mamberti, em 13 de novembro de 2008, na Cidade do Vaticano.

6. O Brasil é o país que abriga a maior população católica do mundo e era o único que não dispunha de acordo sobre a presença da Igreja Católica em seu território. Desde o estabelecimento de relações diplomáticas com a Santa Sé, em 1826, há apenas dois acordos em vigor: Acordo Administrativo para troca de Correspondência diplomática, de 1935, e o Acordo sobre o Estabelecimento do Ordinariado Militar e Nomeação de Capelães Militares, de 1989.

7. O objetivo do presente Acordo é consolidar, em um único instrumento jurídico, diversos aspectos da relação do Brasil com a Santa Sé e da presença da Igreja Católica no Brasil, já contemplados na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, na Constituição Federal e em demais leis que configuram o ordenamento jurídico brasileiro. As diretrizes centrais seguidas pelas autoridades brasileiras na negociação do Acordo com a Santa Sé foram a preservação das disposições da Constituição e da legislação ordinária sobre o caráter laico do Estado brasileiro, a liberdade religiosa e o tratamento eqüitativo dos direitos e deveres das instituições religiosas legalmente estabelecidas no Brasil. Cabe ressaltar que o estabelecimento de acordo com entidade religiosa foi possível neste caso, por possuir, a Santa Sé, personalidade jurídica de Direito Internacional Público.

8. Apresento, a seguir, resumo do conteúdo de cada artigo do Acordo:

Art. 1 - dispõe sobre a representação diplomática do Brasil e da Santa Sé, nos termos da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas;

Art. 2 - o Brasil reconhece à Igreja Católica o direito de desempenhar sua missão apostólica;

Art. 3 - o Brasil reconhece a personalidade jurídica das Instituições Eclesiásticas mediante inscrição no registro pertinente do ato de criação, nos termos da legislação brasileira;

Art. 4 - a Santa Sé garante que a sede dos Bispados estará sempre em território brasileiro;

Art. 5 - dispõe que os direitos, imunidades, isenções e benefícios das pessoas jurídicas eclesiásticas que prestam também assistência social serão iguais aos das entidades com fins semelhantes, conforme previstos no ordenamento jurídico brasileiro;

Arts. 6 e 7 - dispõem sobre o patrimônio histórico e cultural da Igreja Católica no Brasil, assegurando a proteção dos lugares de culto e a cooperação entre Igreja e Estado com vistas a salvaguardar e valorizar esse patrimônio (incluindo documentos em arquivos e bibliotecas), bem como facilitar o acesso a todos que queiram conhecê-lo e estudá-lo;

Art. 8 - o Brasil assegura a prestação de assistência espiritual pela Igreja a fiéis internados em estabelecimentos de saúde ou prisional que a solicitarem, observadas as normas das respectivas instituições;

Arts. 9,10 e 11 - dispõem sobre temas relacionados à educação: garante à Igreja o direito de constituir e administrar Seminários e outros Institutos eclesiásticos; estipula que o reconhecimento recíproco de títulos e qualificações em nível de Graduação e Pós-Graduação estará sujeito às respectivas legislações e normas; e dispõe sobre o ensino religioso de matrícula facultativa nas escolas públicas de ensino fundamental, sem discriminar as diferentes confissões religiosas praticadas no Brasil;

Art. 12 - estabelece que a homologação de sentenças eclesiásticas em matéria matrimonial será efetuada nos termos da legislação brasileira sobre a matéria;

Art. 13 - é garantido aos Bispos da Igreja Católica manter o segredo do ofício sacerdotal;

Art. 14 - o Brasil declara seu empenho em destinar espaços para fins religiosos no planejamento urbano no contexto do plano diretor das idades;

Art. 15 - dispõe sobre o reconhecimento pelo Brasil da imunidade tributária referente aos impostos das pessoas jurídicas eclesiásticas e garante às pessoas jurídicas da Igreja que exercem atividades sociais e educacionais sem fins lucrativos os mesmos benefícios;

Art. 16 - trata do caráter religioso das relações entre os ministros ordenados e fiéis consagrados e as Dioceses ou Institutos Religiosos as quais, observado o disposto na legislação trabalhista brasileira, não geram vínculo empregatício, a não ser que comprovado o desvirtuamento da função religiosa da Instituição;

Art. 17 - trata da concessão de visto permanente ou temporário para sacerdotes, membros de institutos religiosos e leigos, que venham exercer atividade pastoral no Brasil, nos termos da legislação brasileira sobre a matéria.

9. Com vistas ao encaminhamento do texto à apreciação do Poder Legislativo, conforme prevê o inciso VIII do artigo 84 da Constituição Federal, submeto a Vossa Excelência projeto de Mensagem ao Congresso Nacional, juntamente com cópias do Acordo.

Respeitosamente,
Samuel Pinheiro Guimarães Neto
Secretário-geral do Itamaraty"

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Resenha do livro “O livro das Religiões”1



As ciências das religiões têm por objetivo investigar de uma perspectiva externa todas as religiões procurando descrever semelhanças e diferenças. Essas descrições não podem ser comparadas a de fiéis sobre suas crenças, o cientista nunca conseguirá recriar a experiência por mais ilustrativa que seja sua descrição. O autor do livro exemplifica melhor essa distância entre o que se vê e o que se sente.


Um nutricionista pode explicar que certo alimento consiste numa dada mistura de componentes orgânicos, e que, se for resfriado a uma determinada temperatura, terá um gosto doce e fresco ao entrar em contato com o palato humano; mas isso não será a mesma coisa que tomar de fato um sorvete. (GAARDE, 2000. p.13)



A importância desses estudos sobre as religiões pode ser compreendida ao olharmos rapidamente para o mundo ao nosso redor. Ouvimos falar de diversos conflitos religiosos, guerras promovidas em nome de Deus ao mesmo tempo em que diversas religiões promovem ajuda comunitária aos pobres e destituídos do Terceiro Mundo. Um conhecimento sólido sobre religiões torna-se importante em nosso mundo cada vez mais multicultural, assim como é difícil adquirir uma compreensão da política internacional sem que se compreenda o fenômeno da religião.



O surgimento deste fenômeno já foi explicado de diversas formas, uma delas afirmava que a religião surgiu quando o homem começou a acreditar que animais, plantas, montanhas, a lua e o sol tinham espíritos. Outras teorias dizem que a religião é um produto de fatores sociais e psicológicos, ou seja, apenas um elemento das condições sociais do homem. Já nas ciências das religiões modernas2predomina a ideia de que a religião é um elemento independente, ligado ao elemento social e ao elemento psicológico, mas que tem sua própria estrutura”. (GAARDE, 200. p.16)



Dentre a procura dos estudiosos por traços comuns as religiões o Sagrado tornou-se a palavra-chave, porque descreve a natureza da religião e o que ela tem de especial. Sagrado refere-se aquilo que está separado, que é diferente de tudo mais, inatingível e consagrado, enquanto o profano é o que está do lado de fora do templo, o oposto do sagrado.



A ética e a religião não estão tão separadas como o sagrado e o profano. Nos dez mandamentos escritos por Moisés havia os que se tratavam de religião e os relativos à ética. Hoje em uma sociedade onde coexistem diversas religiões é difícil vincular a ética a uma religião, por isso muitos países aceitam a Declaração dos Direitos Humanos – proclama pelas Nações Unidas - como uma afirmação ética comum, seja qual for a religião ou perspectiva do país.



As religiões não estão só relacionadas apenas ao intelecto, elas envolvem também as emoções que são essenciais a vida humana. As pessoas extravasam suas tristezas e alegrias pela música, dança e canto presentes em rituais religiosos.



Portanto, as religiões são um fenômeno complexo existente em todas as sociedades. Elas influenciam a vida humana no que diz respeito à ética, à política e à vivencia pessoal. O estudo desse fenômeno deve ser compreendido dentro de sua importância social e de sua complexidade, para entendermos o funcionamento da sociedade deve-se também entender o funcionamento das religiões. Não há como compreender as ações humanas sem a perspectiva religiosa, já que ela existe desde o começo da história que conhecemos.


1GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

2Sociologia da religião, filosofia da religião, psicologia da religião

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A nova lei de adoção e o preconceito do senado

A cegueira conveniente da mídia a cada dia que passa me deixa mais perplexa. Os meios de comunicação passam um mês discutindo a morte de um gênio da música (deixo aqui a minha admiração por ele) e suas excentricidades, mas são incapazes de chamar atenção da população para o ato preconceituoso realizado pelo nosso senado.
A nova lei que trará grandes melhorias e menos burocratização ao ato de adoção, também cutucou a bancada religiosa dos senadores. Tais políticos tiveram o descaramento de fazer chantagens (essa foi a melhor palavra que encontrei para descrever tal atitude preconceituosa) para aprovar a nova lei, pois foi somente depois do pedido de retirada do artigo que permitia a adoção por casais homossexuais que nosso “distintos” políticos aprovaram tal lei.
A justificativa para tal atitude refere-se ao fato de não existir união legalizada entre casais homossexuais em nosso país. Não entendi tal alegação, visto que, a nova lei permite a adoção por solteiros e casais com união estável. Teoricamente, então, um solteiro homossexual pode solicitar a adoção.
O que me preocupa nesta história toda é que as adoções por homossexuais ainda vão ficar a merce do preconceito ou não do nosso judiciário. Como não há nada que proíba a adoção por casais do mesmo sexo esta pode ser aprovada, mas como não há lei que regule esse direito os homossexuais vão depender da aprovação do juiz. E se o nosso judiciário agir em conformidade com o nosso senado, infelizmente, muitas crianças continuarão sem lar por puro e simples preconceito.

Gostaria de registrar aqui a minha indignação com a a falta de indignação dos meios de comunicação e demais pessoas a parte dos acontecimentos da nossa sociedade.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Rir da vida

A vida é engraçada!
Ora estamos em cima, ora estamos em baixo.
E quando achamos que está tudo perdido, PLIM!!!, não está.
Definitivamente estou convencida que não existe acaso e o que não deu certo hoje foi por um bom motivo. Não que a vida seja feitas por linhas tortas, mas sim por uma linguagem indecifrável para nós no primeiro momento. Depois que o tempo passa e as melancias se acomodam, tudo fica muito claro.
Se eu tivesse conseguido o que queria a uma semana atrás não teria aproveitado a oportunidade de hoje, então, PLIM!!!. Nada é por acaso! Não vale a pena se desesperar, vamos lutando por nossos sonhos e ideais, mas sem deixar a leveza de lado. E pode apostar que quando resolver desligar daquela obsessão por algo, que parece estar trancando a sua vida, ela vai deixar de ser uma obsessão e se tornar um sonho muito próximo da realidade.

Preste bem atenção no PLIM! que a vida nos dá e aproveite para dar em troca uma boas risadas.

sábado, 20 de junho de 2009

Uma opinião sobre as cotas universitárias

Opinião do Jornalista Elio Gaspari

A cota de sucesso da turma do ProUni



A demofobia pedagógica perdeu mais uma para a teimosa insubordinação dos jovens pobres e negros. Ao longo dos últimos anos o elitismo convencional ensinou que se um sistema de cotas levasse estudantes negros para as universidades públicas eles não seriam capazes de acompanhar as aulas e acabariam fugindo das escolas. Lorota. Cinco anos de vigência das cotas na UFRJ e na Federal da Bahia ensinaram que os cotistas conseguem um desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, com menor taxa de evasão. Quando Nosso Guia criou o ProUni, abrindo o sistema de bolsas em faculdades privadas para jovens de baixa renda (põe baixa nisso, 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar para a bolsa integral), com cotas para negros, foi acusado de nivelar por baixo o acesso ao ensino superior. De novo, especulou-se que os pobres, por serem pobres, teriam dificuldade para se manter nas escolas.

Os repórteres Denise Menchen e Antonio Gois contaram que, pela segunda vez em dois anos, o desempenho dos bolsistas do ProUni ficou acima da média dos demais estudantes que prestaram o Provão. Em 2004, os beneficiados foram cerca de 130 mil jovens que dificilmente chegariam ao ensino superior (45% dos bolsistas do ProUni são afrodescendentes, ou descendentes de escravos, para quem não gosta da expressão),

O DEM (ex-PFL) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino foram ao Supremo Tribunal Federal, arguindo a inconstitucionalidade dos mecanismos do ProUni. Sustentam que a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros (igualmente pobres) ofendiam a noção segundo a qual todos são iguais perante a lei. O caso ainda não já foi julgado pelo tribunal, mas já foi relatado pelo ministro Carlos Ayres de Britto, em voto memorável. Ele lembrou um trecho da Oração aos Moços, de Rui Barbosa: "Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real."

A "Oração aos Moços" é de 1921, quando Rui já prevalecera com sua contribuição abolicionista. A discussão em torno do sistema de acesso dos afrodescendentes às universidades teve a virtude de chamar a atenção para o passado e para a esplêndida produção historiográfica sobre a situação do negro brasileiro no final do século XIX. Acaba de sair um livro exemplar dessa qualidade, é "O jogo da dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil", da professora Wlamyra de Albuquerque, da Federal da Bahia. Ela mostra o que foi o peso da cor.

Dezesseis negros africanos que chegaram à Bahia em 1877 para comerciar foram deportados, apesar de serem súditos britânicos.

Negros ingleses negros eram, e o Brasil não seria o lugar deles.

A professora Albuquerque transcreve em seu livro uma carta de escravos libertos endereçada a Rui Barbosa em 1889, um ano depois da Abolição.

Nela havia um pleito, que demorou para começar a ser atendido, mas que o DEM e os donos de faculdades ainda lutam para derrubar:

"Nosso filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução."
A Comissão pedia o cumprimento de uma lei de 1871 que prometia educação para os libertos. Mais de cem anos depois, iniciativas como o ProUni mostraram não só que isso era possível, mas que, surgindo a oportunidade, a garotada faria bonito.

Artigo do Elio Gaspari/O Globo - 17/06/09



segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fragmentos

Fico impressionada com a falta de capacidade das pessoas de enxergar a vida como um todo, só percebem os fragmentos. Digo isso, porque, fui a apresentação do Tholl e me chateou o fato de cada malabarismo ser seguido por aplausos. Foi como se o público só conseguisse ver as acrobacias dos encantadores artistas e não compreendessem que por trás de todas aquelas piruetas era contada uma história. Eu fiquei encantada com as cores, os movimentos e as músicas, não era possível bater palmas e admirar todo o espetáculo ao mesmo tempo. O único momento no qual conseguia me libertar de tanta beleza era no final de cada esquete. Quando a música, e a luz reduzia sua intensidade, os artistas se retiravam do palco é que meus olhos permitiam o movimento do meu corpo para aplaudir e agradecer pela emoção a mim proporcionada.

A vida deve ser contemplada como um todo, devemos esperar o espetáculo acontecer, degustá-lo com verdadeira sabedoria. É preciso ouvir, ver, sentir e se emocionar. Não basta o deslumbre com algo nunca visto, nem as risadas proporcionadas por um ato. É preciso se maravilhar e rir com o todo, na plenitude. A vida é muito mais que malabarismos. Ela é dança, música, humor e emoção.

Os malabarismos da vida são admiráveis, mas não belos fora do contexto em que são realizados. A vida é como esse teatro circense, deve ser aplaudida no final de cada esquete enquanto esperamos o inesperado. E no final do espetáculo ficaremos em pé aplaudindo, emocionados com tudo o que fomos capazes de realizar sob pernas de paus, enrolados em tecidos, equilibrados sobre uma bola cuspindo fogo e ainda arrancando boas risadas da platéia.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Texto de Rubem Alves sobre os trilhos da universidade

Viagem longa, destino incerto





Este é o mês em que sofro mais por causa de vocês, moços. Tenho dó. Ainda nem deixaram de ser adolescentes, e já são obrigados a comprar passagens para um destino desconhecido, passagens só de ida, as de volta são difíceis, raras, há uma longa lista de espera. Alguns me contestam: afirmam saber muito bem o lugar para onde estão indo. Assim são os adolescentes: sempre têm os bolsos cheios de certezas. Só muito tarde descobrem que certezas valem menos que um tostão furado.

Seria muito mais racional e menos doloroso que vocês fossem obrigados agora a escolher a mulher ou o marido. Hoje casamento é destino para o qual só se vende passagem de ida e volta. É muito fácil voltar ao ponto de partida e recomeçar: basta que os sentimentos e as idéias tenham mudado.

Mas a viagem para a qual vocês estão comprando passagens dura cinco anos, pelo menos. E se depois de chegar lá vocês não gostarem? Nada garante... Vocês nunca estiveram lá. E se quiserem voltar? Não é como no casamento.

É complicado. Leva pelo menos outros cinco anos para chegar a um outro lugar, com esse bilhete que se chama vestibular e essa ferrovia que se chama universidade. E é duro voltar atrás, começar tudo de novo. Muitos não têm coragem para isso, e passam a vida inteira num lugar que odeiam, sonhando com um outro.

Em Minas, onde nasci, se diz que para se conhecer uma pessoa é preciso comer um saco de sal com ela. Os apaixonados desacreditam. Quem é acometido da febre da paixão desaprende a astúcia do pensamento, fica abobalhado, e passa a repetir as asneiras que os apaixonados têm repetido pelos séculos afora: “Ah! mãe, ele é diferente...” “Eu sei que o meu amor por ela é eterno. Sem ela eu morro...” E assim se casam, sem a paciência de comer um saco de sal. Se tivessem paciência descobririam a verdade de um outro ditado: “Por fora bela viola; por dentro pão bolorento...”

Coisa muito parecida acontece com a profissão: a gente se apaixona pela bela viola, e só tarde demais, no meio do saco de sal, se dá conta do pão bolorento.

O Pato Donald arranjou um emprego de porteiro, num edifício de ricos. Sentiu-se a pessoa mais importante do mundo e estufou o peito por causa do uniforme que lhe deram, cheio de botões brilhantes, fios dourados e dragonas...

Acontece assim também na escolha das profissões: cada uma delas tem seus uniformes multicoloridos, seus botões brilhantes, fios dourados e dragonas. Veja, por exemplo, o fascínio do uniforme do médico. Por razões que Freud explica qualquer mãe e qualquer pai desejam ter um filho médico. Lembram-se de Sociedade dos poetas mortos? O pai do jovem ator queria, por tudo neste mundo, que o filho fosse médico. E ele não está sozinho. O médico é uma transformação poética do herói Clint Eastwood: o pistoleiro solitário, apenas com a sua coragem e o seu revólver, entra no lugar da morte, para travar batalha com ela. Como São Jorge. O médico, em suas vestes sacerdotais verdes, apenas os olhos se mostrando atrás da máscara, a mão segurando a arma, o bisturi, o sangue escorrendo do corpo do inocente, em luta solitária contra a morte. Poderá haver imagem mais bela de um herói?

Todas as profissões têm seus uniformes, suas belas imagens, sua estética. Por isso nos apaixonamos e compramos o bilhete de ida... Mas a profissão não é isso. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento...

Uma amiga me contou, feliz, que uma parente querida havia passado no vestibular de engenharia. “Que engenharia?”, perguntei. “Civil”, ela respondeu. “Por que esta escolha?” – insisti. “É que ela gosta muito de matemática.” Pensei então na bela imagem do engenheiro – régua de cálculo, compasso e prumo nas mãos, em busca do ponto de apoio onde a alavanca levantaria o mundo! “Se ela tanto ama a matemática talvez tivesse feito melhor escolha estudando matemática. Engenheiro, hoje, mexe pouco com matemática. Tudo já está definido em programas de computador. O dia-a-dia da maioria dos engenheiros é tomar conta de peão em canteiro de obra...”

Isso vale para todas as profissões. É preciso perguntar: “Como será o meu dia-a-dia, enquanto como o saco de sal que não se acaba nunca?”

Mas há outros destinos, outros trens. Não é verdade que o único caminho bom seja o caminho universitário. Acho que poucos jovens sequer consideram tal possibilidade. É que eles se comportam como bando de maritacas: onde vai uma vão todas. Não podem suportar a idéia de ver o “bando” partindo, enquanto eles não embarcam, e ficam sozinhos na plataforma da estação...

Deixo aqui, como possibilidade não pensada, este poema de Walt Whitman, o poeta de Sociedade dos poetas mortos:

Em nome de vocês...

Que ao homem comum ensinem

a glória da rotina e das tarefas

de cada dia e de todos os dias;

que exaltem em canções

o quanto a química e o exercício

da vida não são desprezíveis nunca,

e o trabalho braçal de um e de todos

– arar, capinar, cavar,

plantar e enramar a árvore,

as frutinhas, os legumes, as flores:

que em tudo isso possa o homem ver

que está fazendo alguma coisa de verdade,

e também toda mulher

usar a serra e o martelo

ao comprido ou de través,

cultivar vocações para a carpintaria,

a alvenaria, a pintura,

trabalhar de alfaiate, costureira,

ama, hoteleiro, carregador,

inventar coisas, coisas engenhosas,

ajudar a lavar, cozinhar, arrumar,

e não considerar desgraça alguma

dar uma mão a si próprio.

Desejo a vocês uma boa viagem. Lembrem-se do dito do João: “A coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia...” Se, no meio da viagem, sentirem enjôo ou não gostarem dos cenários, puxem a alavanca de emergência e caiam fora. Se, depois de chegar lá, ouvirem falar de um destino mais alegre, ponham a mochila nas costas, e procurem um outro destino. Carpe diem!


Texto do site: http://www.rubemalves.com.br/viagemlongadestinoincerto.htm

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Preconceito velado

Uma vez estava com alguns amigos falando besteira, em um momento descontraído, quando alguém falou: - As seis horas da tarde, praticamente todo o dia, o SBT fica preto e branco. A minha curiosidade, que só não me matou por não ser uma felina, me fez perguntar o porquê do comentário. Logo responderam: - Só tem seriados de negros neste horário. Confesso que naquele minuto após a resposta não pensei em nada, foi como se me dissessem: - pega um copo de água.

No último sábado, então, lembrei, não sei porque, daquele episódio e pensei: como assim preto e branco? então, só o branco é colorido?. Ok. Vamos supor que foi um comentário muito infeliz. No entanto, logo depois, essa mesma pessoa disse não existir preconceito contra os negros em nossa sociedade. Cuma? Agora sim fiquei confusa.

Como alguém pode afirmar não existir preconceito ao mesmo tempo em que faz um comentário desses. Até onde eu sei, a televisão preto e branco é algo ultrapassado, inferior as novas tecnologias. Assim, este comentário está agregado de valor, e um valor negativo. Então, como pode, essa mesma pessoa, afirmar que não existe preconceito?

Quando a discussão ficou mais acalorada, entrou-se em outro ponto, o de que os negros é que são preconceituosos. Afirmou-se esta declaração com base naquelas camisetas com o escrito "100 % Negro", seguido do fato de que uma pessoa branca não pode usar uma camiseta com a frase "100 % branco". Me assusta como não podem perceber a diferença entre uma camiseta e outra. O branco não precisa se afirmar perante a sociedade "branca", enquanto o negro luta por um espaço e afirma o que a história tentou negar-lhe, seu reconhecimento social!

Como pode alguém não perceber essas diferenças nada sutis entre uma atitude e outra? Talvez porque não perceba nem as suas próprias atitudes.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Conceito de violência

Segundo José Vicente Tavares dos Santos



A violência
seria a relação social, caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção, que impede o reconhecimento do outro - pessoa, classe, gênero ou raça - mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto das possibilidades da sociedade democrática contemporânea.


Citação do texto TAVARES-DOS-SANTOS, José-Vicente . A violência como dispositivo de excesso de poder. SOCIEDADE E ESTADO, BRASILIA, v. 10, n. 2, p. 281-298, 1996.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Acontecer

Fatos novos me propuseram alguns questionamentos.
Parei, refleti e mudei alguns conceitos.
Chega de esperar a vida começar, ela está aqui e preciso aproveitar.
Enquanto eu estiver vivendo no futuro, o meu presente se tornará um triste passado.
Sem lembranças, sem memórias, apenas uma vida em que o coração bateu e os pulmões respiraram.

Não, não estou dizendo que a minha vida é uma droga, ou que não fiz nada durante estes 24 anos. Pelo contrário fiz muitas coisas maravilhosas e divertidas, no entanto não aproveitei aquele momento único, apenas esperei, esperei e esperei a minha vida começar.

Esperei terminar o colégio para que a minha vida começasse na faculdade. Durante este período universitário morei em pensões, dividi apartamento com pessoas maravilhosas, conheci o amor da minha vida, casei, ganhei um gato (meu bebê), fui morar em uma casa, trouxe a Lua (minha chow chow) pra morar comigo e a faculdade terminou.

Então, fiquei esperando e minha vida começar...quando percebi que deveria arrumar um emprego na minha área para que eu pudesse viver. E assim continuei esperando....

No entanto, quando tive uma grande oportunidade de conseguir tal emprego e ver a minha vida começar, as coisas não saíram como gostaria e a minha vida ainda não tinha começado. Foi então que percebi que não posso ser apenas uma espectadora da minha vida, sou eu quem determina como ela deve ser. Claro que existem fatores externos que nos desanimam com frequencia, mas aqui o que estou falando não se trata de conformismo, ou aceitar as coisas como são. Estou tentando dizer o quanto é necessário viver no presente, ou seja, com os meios dos quais disponibilizo no momento. Não posso mais planejar o futuro somente em relação com algo especifico, devo planejar o futuro sim, mas sobre os pressupostos do presente. Preciso planejar sobre o concreto e não o esperado.

Assim, mudei alguns conceitos e resolvi não esperar por isto ou aquilo. Decidi que vou fazer isto ou aquilo com base no que sou agora. Vou continuar batalhando por um espaço na minha área, mas enquanto isso não acontecer vou vivendo e realizando outros sonhos. Acordei e entendi que um projeto de vida pode andar concomitantemente com outro, não preciso realizar uma coisa de cada vez.

A vida não acontece por episódios, ela é linear e sem qualquer interrupção temporal!

terça-feira, 19 de maio de 2009

OLHA O QUE O PERSONARE DISSE SOBRE O MEU JEITO DE SER MÃE:

MÃE DEDICADA, AMOROSA E COMPANHEIRA

A mãe com o signo lunar em Touro é uma supermãe! Cuida daquilo que ama com uma dedicação total, procurando demonstrar seu amor com gestos práticos. Tem uma personalidade doadora e nutridora. É uma mãe muito apegada aos seus filhos e sempre utiliza a razão para tentar resolver questões emocionais. Alguém com quem você pode sempre contar. Na alegria e na tristeza, lá está ela, cuidando de seus filhos da melhor forma possível.

Veja também o seu lado mãe em: www.personare.com.br/maes

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Memórias de uma estudante

Os meus longos anos de estudos foram marcados por altos e baixos, assim como o de qualquer criança e adolescente. Sempre questionei e investiguei todas as afirmações feitas a mim, ao mesmo tempo em que procurei manter um bom relacionamento com os professores e colegas. Acredito que minha personalidade inquieta diante de tudo o que me era dito como “normal” ou “natural” é o que me levou a estudar ciências sociais na graduação.

Quando falo em altos e baixos dentro da escola, me refiro às cobranças sociais que começamos a sofrer dentro da mesma. Sendo este um local de socialização, ali passamos a entender a importância do pertencimento a um determinado grupo. Como nunca fui boa em esportes, mesmo gostando muito de praticá-los, não me enquadrava no grupo dos esportistas. Não podia ser considerada uma “CDF” já que não possuía as melhores notas da turma e também não pertencia ao grupo das mais populares no quesito beleza. Dentro dessa grande diversidade de grupos sociais existentes no espaço escolar acredito ter pertencido a turma dos “rebeldes sem causa”, aqueles que faziam questão de questionar professores e diretores sobre as atividades que a escola propunha.

Quando estava no 3 ano do ensino médio passei por um episódio em que a direção não permitiu o empréstimo da televisão para que oferecêssemos um espaço para videokê (quando era febre entre os adolescentes e crianças) na festa junina da escola. Logo agilizamos um grupo de alunos que foi questionar a direção sobre esta posição, depois de muita conversa e esclarecimentos dos nossos direitos como alunos de usufruirmos os bens da escola, foi nos permitido o uso do aparelho para os fins que já tínhamos proposto.
Mesmo sendo sempre uma aluna questionadora mantive o respeito com os professores, afinal questionar ao meu ver não é sinônimo de falta de respeito. Apenas uma vez fui solicitada a me retirar da sala de aula. Isso aconteceu quando perguntei a uma professora de religião, que era freira diga-se de passagem, em uma escola católica que estudei no ensino fundamental, se Jesus Cristo havia tido relações sexuais ao longo de sua vida ou se mantivera casto, mais precisamente no período em que nada é dito sobre ele na bíblia. Bom após este questionamento meus pais foram chamados na escola e me apoiaram solicitando que a direção respondesse a minha pergunta.

Assim, como podem ver, uma das minhas características principais na escola era de sempre questionar. Acredito que essa visão crítica me levou a incerteza sobre o que estudar na graduação. Como nunca tive aula de sociologia na escola sabia muito pouco sobre a profissão de sociólogo, então quando decidi fazer faculdade pesquisei mais sobre todas as profissões e encontrei o curso de ciências sociais pelo qual me apaixonei. Entrei na graduação ainda com um certo receio com o curso devido ao pouco conhecimento que tinha sobre ele, mas com o passar das disciplinas cada mais vez me convencia de que acertei o tiro no escuro.

Com o final do curso de ciências sociais (bacharelado) pairou sobre mim o questionamento “o que fazer agora?” Revendo, então, as minhas atitudes durante a graduação lembrei as muitas vezes que chegava em casa depois da universidade e proferia uma aula a minhas colegas de moradia sobre o assunto que me instigara naquela noite. Lembrei também das diversas vezes que interrompi o futebol do meu marido para lhe contar algo novo que havia aprendido. Assim, percebi que possuía muita vontade e facilidade em falar sobre o que estudei ao longo da graduação, e até uma certa necessidade de explicar e discutir sobre os assuntos que envolvem as ciências sociais. Desta forma tomei a decisão de ingressar no curso de Formação Pedagógica para me graduar na licenciatura em ciências sociais e poder dar aula para o ensino médio.

Agora, aguardo ansiosa pelo início dos estágios e pelo momento em que atuarei na minha área de formação. Aspiro desenvolver com as práticas de ensino uma melhor desenvoltura para ensinar o que aprendi sobre sociologia. E nestes estágios quero tirar a “prova dos nove” se serei uma boa professora como imagino ser.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Como calcular o tamanho de uma amostra.

Dedico para todos aqueles que se interessam pela pesquisa.


Como calcular a amostra de uma população infinita (acima de 100.000 habitantes):

n = σ² . p . q

e²

n = Tamanho da Amostra

σ = Nível de confiança escolhido, expresso em números de desvio padrão

p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica

q = Percentagem complementar (100-p)

e = Erro máximo permitido



Como calcular a amostra de uma população finita (até 100.000 habitantes):

n = σ² . p . q . N

e² (N-1) + σ² . p . q


n = Tamanho da Amostra

σ = Nível de confiança escolhido, expresso em números de desvio padrão

p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica

q = Percentagem complementar (100-p)

e = Erro máximo permitido

N = Tamanho da população



Obs:

95,5 % de nível de confiança (σ) equivale a 2 desvios padrão
99,7 % de nível de confiança (σ) equivale a 3 desvios padrão

Usualmente trabalha-se com uma estimativa de erro máximo permitido (e) de 3 e 5%.

Quando não é possível estabelecer previamente a percentagem com o qual o fenômeno se verifica, adota-se o valor máximo de 50 para p.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Não sei

Não sei, não sei e não sei.

A dúvida, a incerteza e a insegurança sempre me perseguem.

O que fazer, ou melhor, estou fazendo certo?

Não sei, não sei e não sei.

Mas quem é que sabe de alguma coisa?

Quem souber me avisa, me diga como é!

Ou melhor quem se atreve a achar que sabe, que pode dizer a verdade!

Que verdade? Qual das várias verdades? A sua verdade?

Me poupe das suas verdades! Primeiro pergunte, estude, reveja, antes de dizer qualquer coisa.

Duvide, questione, interpele, coloque de cabeça para baixo, não tire conclusões!

Não seja etnocêntrico com o que pensa ser o mais banal.

Olhe, preste bem atenção, não leve a mal.

Seja verdadeiro consigo e admita assim como eu que está perdido.

Melhor perdido e entregue aos sentimentos do que a parte do que é mais humano.

Admita o que não sabe.

A dúvida, a incerteza e a insegurança também lhe perseguem, não sou só eu.

Desabafe, não tente ser perfeito, ninguém é!

Admita suas fraquezas, assim como estou fazendo.

Depois sinta-se melhor, como estou me sentindo agora!!!!!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Crianças Indigos e Cristais, explica muita coisa....

Entrevista de Divaldo Pereira Franco ao Programa Televisivo O Espiritismo Responde, da União Regional Espírita – 7ª Região, Maringá, em 21.03.2007.

Espiritismo Responde - Um de seus mais recentes livros publicados tem por título “A Nova Geração: A visão Espírita sobre as crianças índigo e cristal”. Quem são as crianças índigo e cristal?

Divaldo – Desde os anos 70, aproximadamente, psicólogos, psicoterapeutas e pedagogos começaram a notar a presença de uma geração estranha, muito peculiar.

Tratava-se de crianças rebeldes, hiperativas que foram imediatamente catalogadas como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico. Mais tarde, com as observações de outros psicólogos chegou-se à conclusão de que se trata de uma nova geração. Uma geração espiritual e especial, para este momento de grande transição de mundo de provas e de expiações que irá alcançar o nível de mundo de regeneração.

As crianças índigo são assim chamadas porque possuem uma aura na tonalidade azul, aquela tonalidade índigo dos blue jeans (Dra. Nancy Ann Tape).

O índigo é uma planta da Índia (indigofera tinctoria), da qual se extrai essa coloração que se aplicava em calças e hoje nas roupas em geral. Essas crianças índigo sempre apresentam um comportamento sui generis.

Desde cedo demonstram estar conscientes de que pertencem a uma geração especial. São crianças portadoras de alto nível de inteligência, e que, posteriormente, foram classificadas em quatro grupos: artistas, humanistas, conceituais e interdimensionais ou transdimensionais.

As crianças cristal são aquelas que apresentam uma aura alvinitente, razão pela qual passaram a ser denominadas dessa maneira.

A partir dos anos 80, ei-las reencarnando-se em massa, o que tem exigido uma necessária mudança de padrões metodológicos na pedagogia, uma nova psicoterapia a fim de serem atendidas, desde que serão as continuadoras do desenvolvimento intelecto-moral da Humanidade.

ER – Essas crianças não poderiam ser confundidas com as portadoras de transtornos da personalidade, de comportamento, distúrbios da atenção? Como identificá-las com segurança?

Divaldo - Essa é uma grande dificuldade que os psicólogos têm experimentado, porque normalmente existem as crianças que são portadoras de transtornos da personalidade (DDA) e aquelas que, além dos transtornos da aprendizagem, são também hiperativas (DTAH), mas os estudiosos classificaram em 10 itens as características de uma criança índigo, assim como de uma criança cristal.

A criança índigo tem absoluta consciência daquilo que está fazendo, é rebelde por temperamento, não fica em fila, não é capaz de permanecer sentada durante um determinado período, não teme ameaças...

Não é possível com essas crianças fazermos certos tipos de chantagem. É necessário dialogar, falar com naturalidade, conviver e amá-las.

Para tanto, os especialistas elegem como métodos educacionais algumas das propostas da doutora Maria Montessori, que criou, em Roma, no ano de 1907, a sua célebre Casa dei Bambini, assim como as notáveis contribuições pedagógicas do Dr. Rudolf Steiner. Steiner é o criador da antroposofia. Ele apresentou, em Stuttgart, na Alemanha, os seus métodos pedagógicos, a partir de 1919, que foram chamados Waldorf.

A partir daquela época, os métodos Waldorf começaram a ser aplicados em diversos países. Em que consistem? Amor à criança. A criança não é um adulto em miniatura. É um ser que está sendo formado, que merece o nosso melhor carinho. A criança não é objeto de exibição, e deve ser tratada como criança. Sem pieguismo, mas também sem exigências acima do seu nível intelectual.

Então, essas crianças esperam encontrar uma visão diferenciada, porque, ao serem matriculadas em escolas convencionais, tornam-se quase insuportáveis. São tidas como DDA ou DTAH. São as crianças com déficit de atenção e hiperativas. Nesse caso, os médicos vêm recomendando, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, a Ritalina, uma droga profundamente perturbadora. É chamada a droga da obediência.

A criança fica acessível, sim, mas ela perde a espontaneidade. O seu cérebro carregado da substância química, quando essa criança atinge a adolescência, certamente irá ter necessidade de outro tipo de droga, derrapando na drogadição.

Daí é necessário muito cuidado.

Os pais, em casa (como normalmente os pais quase nunca estão em casa e suas crianças são cuidadas por pessoas remuneradas que lhes dão informações, nem sempre corretas) deverão observar a conduta dos filhos, evitar punições quando errem, ao mesmo tempo colocando limites. Qualquer tipo de agressividade torna-as rebeldes, o que pode levar algumas a se tornar criminosos seriais. Os estudos generalizados demonstram que algumas delas têm pendores artísticos especiais, enquanto outras são portadoras de grandes sentimentos humanistas, outras mais são emocionais e outras ainda são portadoras de natureza transcendental.

Aquelas transcendentais, provavelmente serão os grandes e nobres governantes da Humanidade no futuro.

As artísticas vêm trazer uma visão diferenciada a respeito do Mundo, da arte, da beleza. Qualquer tipo de punição provoca-lhes ressentimento, amargura que podem levar à violência, à perversidade.

ER – Você se referiu às características mentais, emocionais dessas crianças. Elas têm alguma característica física própria? Você tem informação se o DNA delas é diferente?

Divaldo - Ainda não se tem, que eu saiba, uma especificação sobre ela, no que diz respeito ao DNA, mas acredita-se que, através de gerações sucessivas, haverá uma mudança profunda nos genes, a fim de poderem ampliar o neocórtex, oferecendo-lhe mais amplas e mais complexas faculdades. Tratando-se de Espíritos de uma outra dimensão, é como se ficassem enjauladas na nossa aparelhagem cerebral, não encontrando correspondentes próprios para expressar-se. Através das gerações sucessivas, o perispírito irá modelar-lhes o cérebro, tornando-o ainda mais privilegiado.

Como o nosso cérebro de hoje é um edifício de três andares, desde a parte réptil, à mamífera e ao neocórtex que é a área superior, as emoções dessas crianças irão criar uma parte mais nobre, acredito, para propiciar-lhes a capacidade de comunicar-se psiquicamente, vivenciando a intuição.

Características físicas existem, sim, algumas. Os estudiosos especializados na área, dizem que as crianças cristal têm os olhos maiores, possuem a capacidade para observar o mundo com profundidade, dirigindo-se às pessoas com certa altivez e até com certo atrevimento... Têm dificuldade em falar com rapidez, demorando-se para consegui-lo a partir dos 3 ou dos 4 anos. Entendemos a ocorrência, considerando-se que, vindo de uma dimensão em que a verbalização é diferente, primeiro têm que ouvir muito para criar o vocabulário e poderem comunicar-se conosco. Então, são essas observações iniciais que estão sendo debatidas pelos pedagogos.


ER – Com que objetivo estão reencarnando na Terra?

Divaldo - Allan Kardec, com a sabedoria que lhe era peculiar, no último capítulo do livro A Gênese, refere-se à nova geração que viria de uma outra dimensão. Da mesma forma que no tempo do Pithecanthropus erectus vieram os denominados Exilados de Capela ou de onde quer que seja, porque há muita resistência de alguns estudiosos a respeito dessa tese, a verdade é que vieram muitos Espíritos de uma outra dimensão. Foram eles que produziram a grande transição, denominada por Darwin como o Elo Perdido, porque aqueles Espíritos que vieram de uma dimensão superior traziam o perispírito já formado e plasmaram, nas gerações imediatas, o nosso biótipo, o corpo, conforme o conhecemos.

Logo depois, cumprida a tarefa na Terra, retornaram aos seus lares, como diz a Bíblia, ao referir-se ao anjo que se rebelara contra Deus – Lúcifer.

Na atualidade, esses lucíferes voltaram. Somente que, neste outro grande momento, estão vindo de Alcione, uma estrela de 3ª. grandeza do grupo das plêiades, constituídas por sete estrelas, conhecidas pelos gregos, pelos chineses antigos e que fazem parte da Constelação de Touro.

Esses Espíritos vêm agora em uma missão muito diferente dos capelinos.

É claro que nem todos serão bons. Todos os índigos apresentarão altos níveis intelectuais, mas os cristais serão, ao mesmo tempo, intelectualizados e moralmente elevados.

ER – Já que eles estão chegando há cerca de 20, 30 anos, nós temos aí uma juventude que já está fazendo diferença no Mundo?

Divaldo – Acredito que sim. Podemos observar, por exemplo, e a imprensa está mostrando, nesse momento, gênios precoces, como o jovem americano Jay Greenberg considerado como o novo Mozart. Ele começou a compor aos quatro anos de idade. Aos seis anos, compôs a sua sinfonia. Já compôs cinco. Recentemente, foi acompanhar a gravação de uma das suas sinfonias pela Orquestra Sinfônica de Londres para observar se não adulteravam qualquer coisa.

O que é fascinante neste jovem, é que ele não compõe apenas a partitura central, mas todos os instrumentos, e quando lhe perguntam como é possível, ele responde: “Eu não faço nenhum esforço, está tudo na minha mente”.

Durante as aulas de matemática, ele compõe música. A matemática não lhe interessa e nem uma outra doutrina qualquer. É mais curioso ainda, quando afirma que o seu cérebro possui três canais de músicas diferentes. Ele ouve simultaneamente todas, sem nenhuma perturbação. Concluo que não é da nossa geração, mas que veio de outra dimensão.

Não somente ele, mas muitos outros, que têm chamado a atenção dos estudiosos. No México, um menino de seis anos dá aulas a professores de Medicina e assim por diante... Fora aqueles que estão perdidos no anonimato.

ER – O que você diria aos pais que se encontram diante de filhos que apresentam essas características?

Divaldo - Os técnicos dizem que é uma grande honra tê-los e um grande desafio, porque são crianças difíceis no tratamento diário. São afetuosas, mas tecnicamente rebeldes. Serão conquistadas pela ternura. São crianças um pouco destrutivas, mas não por perversidade, e sim por curiosidade.

Como vêm de uma dimensão onde os objetos não são familiares, quando vêem alguma coisa diferente, algum objeto, arrebentam-no para poder olhar-lhes a estrutura.

São crianças que devemos educar apelando para a lógica, o bom tom.

A criança deve ser orientada, esclarecida, repetidas vezes.

Voltarmos aos dias da educação doméstica, quando nossas mães nos colocavam no colo, falavam conosco, ensinavam-nos a orar, orientavam-nos nas boas maneiras, nas técnicas de uma vida saudável, nos falavam de ternura e nos tornavam o coração muito doce, são os métodos para tratar as modernas crianças, todas elas, índigo, cristal ou não.