Os meus longos anos de estudos foram marcados por altos e baixos, assim como o de qualquer criança e adolescente. Sempre questionei e investiguei todas as afirmações feitas a mim, ao mesmo tempo em que procurei manter um bom relacionamento com os professores e colegas. Acredito que minha personalidade inquieta diante de tudo o que me era dito como “normal” ou “natural” é o que me levou a estudar ciências sociais na graduação.
Quando falo em altos e baixos dentro da escola, me refiro às cobranças sociais que começamos a sofrer dentro da mesma. Sendo este um local de socialização, ali passamos a entender a importância do pertencimento a um determinado grupo. Como nunca fui boa em esportes, mesmo gostando muito de praticá-los, não me enquadrava no grupo dos esportistas. Não podia ser considerada uma “CDF” já que não possuía as melhores notas da turma e também não pertencia ao grupo das mais populares no quesito beleza. Dentro dessa grande diversidade de grupos sociais existentes no espaço escolar acredito ter pertencido a turma dos “rebeldes sem causa”, aqueles que faziam questão de questionar professores e diretores sobre as atividades que a escola propunha.
Quando estava no 3 ano do ensino médio passei por um episódio em que a direção não permitiu o empréstimo da televisão para que oferecêssemos um espaço para videokê (quando era febre entre os adolescentes e crianças) na festa junina da escola. Logo agilizamos um grupo de alunos que foi questionar a direção sobre esta posição, depois de muita conversa e esclarecimentos dos nossos direitos como alunos de usufruirmos os bens da escola, foi nos permitido o uso do aparelho para os fins que já tínhamos proposto.
Mesmo sendo sempre uma aluna questionadora mantive o respeito com os professores, afinal questionar ao meu ver não é sinônimo de falta de respeito. Apenas uma vez fui solicitada a me retirar da sala de aula. Isso aconteceu quando perguntei a uma professora de religião, que era freira diga-se de passagem, em uma escola católica que estudei no ensino fundamental, se Jesus Cristo havia tido relações sexuais ao longo de sua vida ou se mantivera casto, mais precisamente no período em que nada é dito sobre ele na bíblia. Bom após este questionamento meus pais foram chamados na escola e me apoiaram solicitando que a direção respondesse a minha pergunta.
Assim, como podem ver, uma das minhas características principais na escola era de sempre questionar. Acredito que essa visão crítica me levou a incerteza sobre o que estudar na graduação. Como nunca tive aula de sociologia na escola sabia muito pouco sobre a profissão de sociólogo, então quando decidi fazer faculdade pesquisei mais sobre todas as profissões e encontrei o curso de ciências sociais pelo qual me apaixonei. Entrei na graduação ainda com um certo receio com o curso devido ao pouco conhecimento que tinha sobre ele, mas com o passar das disciplinas cada mais vez me convencia de que acertei o tiro no escuro.
Com o final do curso de ciências sociais (bacharelado) pairou sobre mim o questionamento “o que fazer agora?” Revendo, então, as minhas atitudes durante a graduação lembrei as muitas vezes que chegava em casa depois da universidade e proferia uma aula a minhas colegas de moradia sobre o assunto que me instigara naquela noite. Lembrei também das diversas vezes que interrompi o futebol do meu marido para lhe contar algo novo que havia aprendido. Assim, percebi que possuía muita vontade e facilidade em falar sobre o que estudei ao longo da graduação, e até uma certa necessidade de explicar e discutir sobre os assuntos que envolvem as ciências sociais. Desta forma tomei a decisão de ingressar no curso de Formação Pedagógica para me graduar na licenciatura em ciências sociais e poder dar aula para o ensino médio.
Agora, aguardo ansiosa pelo início dos estágios e pelo momento em que atuarei na minha área de formação. Aspiro desenvolver com as práticas de ensino uma melhor desenvoltura para ensinar o que aprendi sobre sociologia. E nestes estágios quero tirar a “prova dos nove” se serei uma boa professora como imagino ser.
Aqui você vai encontrar pensamentos de alguém que não aceita as coisas como são, que não tolera frases como "sempre foi assim, não vai mudar". Não esqueça são apenas pensamentos, e eles nem sempre farão sentido para você.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
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