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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fragmentos

Fico impressionada com a falta de capacidade das pessoas de enxergar a vida como um todo, só percebem os fragmentos. Digo isso, porque, fui a apresentação do Tholl e me chateou o fato de cada malabarismo ser seguido por aplausos. Foi como se o público só conseguisse ver as acrobacias dos encantadores artistas e não compreendessem que por trás de todas aquelas piruetas era contada uma história. Eu fiquei encantada com as cores, os movimentos e as músicas, não era possível bater palmas e admirar todo o espetáculo ao mesmo tempo. O único momento no qual conseguia me libertar de tanta beleza era no final de cada esquete. Quando a música, e a luz reduzia sua intensidade, os artistas se retiravam do palco é que meus olhos permitiam o movimento do meu corpo para aplaudir e agradecer pela emoção a mim proporcionada.

A vida deve ser contemplada como um todo, devemos esperar o espetáculo acontecer, degustá-lo com verdadeira sabedoria. É preciso ouvir, ver, sentir e se emocionar. Não basta o deslumbre com algo nunca visto, nem as risadas proporcionadas por um ato. É preciso se maravilhar e rir com o todo, na plenitude. A vida é muito mais que malabarismos. Ela é dança, música, humor e emoção.

Os malabarismos da vida são admiráveis, mas não belos fora do contexto em que são realizados. A vida é como esse teatro circense, deve ser aplaudida no final de cada esquete enquanto esperamos o inesperado. E no final do espetáculo ficaremos em pé aplaudindo, emocionados com tudo o que fomos capazes de realizar sob pernas de paus, enrolados em tecidos, equilibrados sobre uma bola cuspindo fogo e ainda arrancando boas risadas da platéia.

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