Aqui você vai encontrar pensamentos de alguém que não aceita as coisas como são, que não tolera frases como "sempre foi assim, não vai mudar". Não esqueça são apenas pensamentos, e eles nem sempre farão sentido para você.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Rir da vida

A vida é engraçada!
Ora estamos em cima, ora estamos em baixo.
E quando achamos que está tudo perdido, PLIM!!!, não está.
Definitivamente estou convencida que não existe acaso e o que não deu certo hoje foi por um bom motivo. Não que a vida seja feitas por linhas tortas, mas sim por uma linguagem indecifrável para nós no primeiro momento. Depois que o tempo passa e as melancias se acomodam, tudo fica muito claro.
Se eu tivesse conseguido o que queria a uma semana atrás não teria aproveitado a oportunidade de hoje, então, PLIM!!!. Nada é por acaso! Não vale a pena se desesperar, vamos lutando por nossos sonhos e ideais, mas sem deixar a leveza de lado. E pode apostar que quando resolver desligar daquela obsessão por algo, que parece estar trancando a sua vida, ela vai deixar de ser uma obsessão e se tornar um sonho muito próximo da realidade.

Preste bem atenção no PLIM! que a vida nos dá e aproveite para dar em troca uma boas risadas.

sábado, 20 de junho de 2009

Uma opinião sobre as cotas universitárias

Opinião do Jornalista Elio Gaspari

A cota de sucesso da turma do ProUni



A demofobia pedagógica perdeu mais uma para a teimosa insubordinação dos jovens pobres e negros. Ao longo dos últimos anos o elitismo convencional ensinou que se um sistema de cotas levasse estudantes negros para as universidades públicas eles não seriam capazes de acompanhar as aulas e acabariam fugindo das escolas. Lorota. Cinco anos de vigência das cotas na UFRJ e na Federal da Bahia ensinaram que os cotistas conseguem um desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, com menor taxa de evasão. Quando Nosso Guia criou o ProUni, abrindo o sistema de bolsas em faculdades privadas para jovens de baixa renda (põe baixa nisso, 1,5 salário mínimo per capita de renda familiar para a bolsa integral), com cotas para negros, foi acusado de nivelar por baixo o acesso ao ensino superior. De novo, especulou-se que os pobres, por serem pobres, teriam dificuldade para se manter nas escolas.

Os repórteres Denise Menchen e Antonio Gois contaram que, pela segunda vez em dois anos, o desempenho dos bolsistas do ProUni ficou acima da média dos demais estudantes que prestaram o Provão. Em 2004, os beneficiados foram cerca de 130 mil jovens que dificilmente chegariam ao ensino superior (45% dos bolsistas do ProUni são afrodescendentes, ou descendentes de escravos, para quem não gosta da expressão),

O DEM (ex-PFL) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino foram ao Supremo Tribunal Federal, arguindo a inconstitucionalidade dos mecanismos do ProUni. Sustentam que a preferência pelos estudantes pobres e as cotas para negros (igualmente pobres) ofendiam a noção segundo a qual todos são iguais perante a lei. O caso ainda não já foi julgado pelo tribunal, mas já foi relatado pelo ministro Carlos Ayres de Britto, em voto memorável. Ele lembrou um trecho da Oração aos Moços, de Rui Barbosa: "Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real."

A "Oração aos Moços" é de 1921, quando Rui já prevalecera com sua contribuição abolicionista. A discussão em torno do sistema de acesso dos afrodescendentes às universidades teve a virtude de chamar a atenção para o passado e para a esplêndida produção historiográfica sobre a situação do negro brasileiro no final do século XIX. Acaba de sair um livro exemplar dessa qualidade, é "O jogo da dissimulação - Abolição e Cidadania Negra no Brasil", da professora Wlamyra de Albuquerque, da Federal da Bahia. Ela mostra o que foi o peso da cor.

Dezesseis negros africanos que chegaram à Bahia em 1877 para comerciar foram deportados, apesar de serem súditos britânicos.

Negros ingleses negros eram, e o Brasil não seria o lugar deles.

A professora Albuquerque transcreve em seu livro uma carta de escravos libertos endereçada a Rui Barbosa em 1889, um ano depois da Abolição.

Nela havia um pleito, que demorou para começar a ser atendido, mas que o DEM e os donos de faculdades ainda lutam para derrubar:

"Nosso filhos jazem imersos em profundas trevas. É preciso esclarecê-los e guiá-los por meio da instrução."
A Comissão pedia o cumprimento de uma lei de 1871 que prometia educação para os libertos. Mais de cem anos depois, iniciativas como o ProUni mostraram não só que isso era possível, mas que, surgindo a oportunidade, a garotada faria bonito.

Artigo do Elio Gaspari/O Globo - 17/06/09



segunda-feira, 8 de junho de 2009

Fragmentos

Fico impressionada com a falta de capacidade das pessoas de enxergar a vida como um todo, só percebem os fragmentos. Digo isso, porque, fui a apresentação do Tholl e me chateou o fato de cada malabarismo ser seguido por aplausos. Foi como se o público só conseguisse ver as acrobacias dos encantadores artistas e não compreendessem que por trás de todas aquelas piruetas era contada uma história. Eu fiquei encantada com as cores, os movimentos e as músicas, não era possível bater palmas e admirar todo o espetáculo ao mesmo tempo. O único momento no qual conseguia me libertar de tanta beleza era no final de cada esquete. Quando a música, e a luz reduzia sua intensidade, os artistas se retiravam do palco é que meus olhos permitiam o movimento do meu corpo para aplaudir e agradecer pela emoção a mim proporcionada.

A vida deve ser contemplada como um todo, devemos esperar o espetáculo acontecer, degustá-lo com verdadeira sabedoria. É preciso ouvir, ver, sentir e se emocionar. Não basta o deslumbre com algo nunca visto, nem as risadas proporcionadas por um ato. É preciso se maravilhar e rir com o todo, na plenitude. A vida é muito mais que malabarismos. Ela é dança, música, humor e emoção.

Os malabarismos da vida são admiráveis, mas não belos fora do contexto em que são realizados. A vida é como esse teatro circense, deve ser aplaudida no final de cada esquete enquanto esperamos o inesperado. E no final do espetáculo ficaremos em pé aplaudindo, emocionados com tudo o que fomos capazes de realizar sob pernas de paus, enrolados em tecidos, equilibrados sobre uma bola cuspindo fogo e ainda arrancando boas risadas da platéia.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Texto de Rubem Alves sobre os trilhos da universidade

Viagem longa, destino incerto





Este é o mês em que sofro mais por causa de vocês, moços. Tenho dó. Ainda nem deixaram de ser adolescentes, e já são obrigados a comprar passagens para um destino desconhecido, passagens só de ida, as de volta são difíceis, raras, há uma longa lista de espera. Alguns me contestam: afirmam saber muito bem o lugar para onde estão indo. Assim são os adolescentes: sempre têm os bolsos cheios de certezas. Só muito tarde descobrem que certezas valem menos que um tostão furado.

Seria muito mais racional e menos doloroso que vocês fossem obrigados agora a escolher a mulher ou o marido. Hoje casamento é destino para o qual só se vende passagem de ida e volta. É muito fácil voltar ao ponto de partida e recomeçar: basta que os sentimentos e as idéias tenham mudado.

Mas a viagem para a qual vocês estão comprando passagens dura cinco anos, pelo menos. E se depois de chegar lá vocês não gostarem? Nada garante... Vocês nunca estiveram lá. E se quiserem voltar? Não é como no casamento.

É complicado. Leva pelo menos outros cinco anos para chegar a um outro lugar, com esse bilhete que se chama vestibular e essa ferrovia que se chama universidade. E é duro voltar atrás, começar tudo de novo. Muitos não têm coragem para isso, e passam a vida inteira num lugar que odeiam, sonhando com um outro.

Em Minas, onde nasci, se diz que para se conhecer uma pessoa é preciso comer um saco de sal com ela. Os apaixonados desacreditam. Quem é acometido da febre da paixão desaprende a astúcia do pensamento, fica abobalhado, e passa a repetir as asneiras que os apaixonados têm repetido pelos séculos afora: “Ah! mãe, ele é diferente...” “Eu sei que o meu amor por ela é eterno. Sem ela eu morro...” E assim se casam, sem a paciência de comer um saco de sal. Se tivessem paciência descobririam a verdade de um outro ditado: “Por fora bela viola; por dentro pão bolorento...”

Coisa muito parecida acontece com a profissão: a gente se apaixona pela bela viola, e só tarde demais, no meio do saco de sal, se dá conta do pão bolorento.

O Pato Donald arranjou um emprego de porteiro, num edifício de ricos. Sentiu-se a pessoa mais importante do mundo e estufou o peito por causa do uniforme que lhe deram, cheio de botões brilhantes, fios dourados e dragonas...

Acontece assim também na escolha das profissões: cada uma delas tem seus uniformes multicoloridos, seus botões brilhantes, fios dourados e dragonas. Veja, por exemplo, o fascínio do uniforme do médico. Por razões que Freud explica qualquer mãe e qualquer pai desejam ter um filho médico. Lembram-se de Sociedade dos poetas mortos? O pai do jovem ator queria, por tudo neste mundo, que o filho fosse médico. E ele não está sozinho. O médico é uma transformação poética do herói Clint Eastwood: o pistoleiro solitário, apenas com a sua coragem e o seu revólver, entra no lugar da morte, para travar batalha com ela. Como São Jorge. O médico, em suas vestes sacerdotais verdes, apenas os olhos se mostrando atrás da máscara, a mão segurando a arma, o bisturi, o sangue escorrendo do corpo do inocente, em luta solitária contra a morte. Poderá haver imagem mais bela de um herói?

Todas as profissões têm seus uniformes, suas belas imagens, sua estética. Por isso nos apaixonamos e compramos o bilhete de ida... Mas a profissão não é isso. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento...

Uma amiga me contou, feliz, que uma parente querida havia passado no vestibular de engenharia. “Que engenharia?”, perguntei. “Civil”, ela respondeu. “Por que esta escolha?” – insisti. “É que ela gosta muito de matemática.” Pensei então na bela imagem do engenheiro – régua de cálculo, compasso e prumo nas mãos, em busca do ponto de apoio onde a alavanca levantaria o mundo! “Se ela tanto ama a matemática talvez tivesse feito melhor escolha estudando matemática. Engenheiro, hoje, mexe pouco com matemática. Tudo já está definido em programas de computador. O dia-a-dia da maioria dos engenheiros é tomar conta de peão em canteiro de obra...”

Isso vale para todas as profissões. É preciso perguntar: “Como será o meu dia-a-dia, enquanto como o saco de sal que não se acaba nunca?”

Mas há outros destinos, outros trens. Não é verdade que o único caminho bom seja o caminho universitário. Acho que poucos jovens sequer consideram tal possibilidade. É que eles se comportam como bando de maritacas: onde vai uma vão todas. Não podem suportar a idéia de ver o “bando” partindo, enquanto eles não embarcam, e ficam sozinhos na plataforma da estação...

Deixo aqui, como possibilidade não pensada, este poema de Walt Whitman, o poeta de Sociedade dos poetas mortos:

Em nome de vocês...

Que ao homem comum ensinem

a glória da rotina e das tarefas

de cada dia e de todos os dias;

que exaltem em canções

o quanto a química e o exercício

da vida não são desprezíveis nunca,

e o trabalho braçal de um e de todos

– arar, capinar, cavar,

plantar e enramar a árvore,

as frutinhas, os legumes, as flores:

que em tudo isso possa o homem ver

que está fazendo alguma coisa de verdade,

e também toda mulher

usar a serra e o martelo

ao comprido ou de través,

cultivar vocações para a carpintaria,

a alvenaria, a pintura,

trabalhar de alfaiate, costureira,

ama, hoteleiro, carregador,

inventar coisas, coisas engenhosas,

ajudar a lavar, cozinhar, arrumar,

e não considerar desgraça alguma

dar uma mão a si próprio.

Desejo a vocês uma boa viagem. Lembrem-se do dito do João: “A coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na travessia...” Se, no meio da viagem, sentirem enjôo ou não gostarem dos cenários, puxem a alavanca de emergência e caiam fora. Se, depois de chegar lá, ouvirem falar de um destino mais alegre, ponham a mochila nas costas, e procurem um outro destino. Carpe diem!


Texto do site: http://www.rubemalves.com.br/viagemlongadestinoincerto.htm

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Preconceito velado

Uma vez estava com alguns amigos falando besteira, em um momento descontraído, quando alguém falou: - As seis horas da tarde, praticamente todo o dia, o SBT fica preto e branco. A minha curiosidade, que só não me matou por não ser uma felina, me fez perguntar o porquê do comentário. Logo responderam: - Só tem seriados de negros neste horário. Confesso que naquele minuto após a resposta não pensei em nada, foi como se me dissessem: - pega um copo de água.

No último sábado, então, lembrei, não sei porque, daquele episódio e pensei: como assim preto e branco? então, só o branco é colorido?. Ok. Vamos supor que foi um comentário muito infeliz. No entanto, logo depois, essa mesma pessoa disse não existir preconceito contra os negros em nossa sociedade. Cuma? Agora sim fiquei confusa.

Como alguém pode afirmar não existir preconceito ao mesmo tempo em que faz um comentário desses. Até onde eu sei, a televisão preto e branco é algo ultrapassado, inferior as novas tecnologias. Assim, este comentário está agregado de valor, e um valor negativo. Então, como pode, essa mesma pessoa, afirmar que não existe preconceito?

Quando a discussão ficou mais acalorada, entrou-se em outro ponto, o de que os negros é que são preconceituosos. Afirmou-se esta declaração com base naquelas camisetas com o escrito "100 % Negro", seguido do fato de que uma pessoa branca não pode usar uma camiseta com a frase "100 % branco". Me assusta como não podem perceber a diferença entre uma camiseta e outra. O branco não precisa se afirmar perante a sociedade "branca", enquanto o negro luta por um espaço e afirma o que a história tentou negar-lhe, seu reconhecimento social!

Como pode alguém não perceber essas diferenças nada sutis entre uma atitude e outra? Talvez porque não perceba nem as suas próprias atitudes.